Mentions to truckers strike overcomes pro-impeachment online discussion
Volume de menções relacionadas ao evento nas redes faz do evento o maior dos últimos anos no Brasil
Updated 2 de July, 2018 at 4:36 pm
O volume de menções relacionadas à greve dos caminhoneiros nas redes faz do evento o maior dos últimos anos no Brasil, superando episódios como os protestos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2015/16 e a greve geral de abril de 2017. Também ultrapassa eventos mais recentes de grande repercussão, como a prisão do ex-presidente Lula e a morte da vereadora Marielle Franco. Desde o domingo (20) até a terça-feira (29), a FGV DAPP registrou cerca de 8,5 milhões de menções, com um pico de 1,97 milhão ocorrido na última sexta-feira (25).
A eclosão do movimento desatou uma onda de insatisfações que remete ao cenário de 2013, quando uma pauta específica adquiriu maciça abrangência discursiva (o reajuste de tarifas no transporte público) e se transformou em movimento nacional. Se, no início, a paralisação foi pautada por uma ênfase nas reivindicações dos caminhoneiros, aos poucos o movimento foi dando voz a outras insatisfações latentes, sobretudo ligadas ao peso da inflação e dos impostos no bolso dos brasileiros, bem como uma crítica genérica ao governo e contra a corrupção.
Neste aspecto, os protestos remetem também às manifestações em defesa do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, ao longo de 2015 e começo de 2016, quando uma série de manifestações demandava sua saída do governo e elencava as questões da crise econômica e da corrupção como pontos centrais. Na ocasião, os “panelaços” se tornaram uma forma de manifestação recorrente, prática retomada neste domingo por uma parcela dos brasileiros por ocasião do pronunciamento do presidente Michel Temer, crescentemente alvo das críticas.
Pronunciamento mobiliza 21,5 mil tuítes com “Fora Temer”
Entre 19h e 23h59 deste domingo (27), dia do pronunciamento de Michel Temer em rede nacional sobre a greve dos caminhoneiros, foram coletados 21.500 tuítes relacionados aos termos “Fora Temer” e à hashtag #foratemer, e 8.800 tuítes relacionados ao panelaço ocorrido em algumas cidades do país em protesto às declarações do presidente. A região Sudeste concentrou 54% dos tuítes atrelados ao “Fora Temer”. Rio de Janeiro (15%), São Paulo (9%) e Belo Horizonte (5%) foram as cidades que mais repercutiram o tema, em volumes absolutos. Recife foi a quarta cidade de maior relevância, angariando 3% dos tuítes.
O cenário se repetiu em relação aos tuítes sobre os panelaços, com a região Sudeste dominando 51% das publicações. O Rio Grande do Sul, no entanto, foi o estado que apareceu em quarta posição, com 7% dos tuítes.
Os usuários que utilizaram a hashtag #ForaTemer, no geral, apresentaram sentimento negativo em relação à aparição de Temer na televisão e também se mostraram insatisfeitos em relação às propostas apresentadas pelo presidente para remediar a greve dos caminhoneiros, ironizando o desconto de R$ 0,46 no preço do diesel proposto pelo governo. Houve ainda alguns tuítes defendendo que a Globo, rede em que o pronunciamento de Temer também foi transmitido, não estaria apoiando os caminhoneiros o tanto necessário, e outros que citavam a renúncia do presidente como solução melhor do que as medidas paliativas propostas.
Publicações do próprio perfil do presidente no Twitter (@MichelTemer), resumindo as falas do pronunciamento, instigaram reações similares dos usuários nos comentários. Já em relação ao panelaço, alguns usuários reportaram de forma neutra a existência de protestos sonoros durante o pronunciamento de Temer em diversas cidades do país. Outros defenderam o protesto durante o pronunciamento, semelhante aos ocorridos durante a gestão Dilma Rousseff, como uma demonstração da insatisfação popular contra toda a classe política corrupta, sem defender supostos “políticos de estimação” como, alegadamente, a esquerda faria.
Houve ainda usuários que reportaram os panelaços atrelando-os à hashtag #Lulalivre e defendendo que só agora alguns paneleiros estão “despertando do transe” mas que, ainda assim, tais protestos, agora, não são de serventia.